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Entrevista sobre DAC com a
Prof. Ana Paula Mónica

- Boa tarde, professora! Viemos entrevistá-la no âmbito dos DAC, já que
a professora é a coordenadora dos mesmos. 

Os DAC foram uma ideia iniciada na escola, ou foi adotada pela mesma
e, se foi, quando? 

- Os DAC, ou seja, Domínios de Autonomia Curricular, não foram uma ideia
que surgiu na nossa comunidade escolar, é uma orientação legislativa.
O nosso ensino desenrola-se com um objetivo, que é o de haver flexibilidade,
a chamada flexibilidade curricular, e o trabalho dos DAC surge n
esse contexto. 

- E então é por isso que engloba várias disciplinas... 

- Exato. É um trabalho colaborativo entre várias disciplinas,
mas não são escolhidas aleatoriamente. A escolha é feita à custa das aprendizagens essenciais que cada uma tem no seu currículo, e que vai ao encontro do tema que os alunos querem trabalhar. Ou seja, a turma tem interesse em fazer um trabalho dos DAC e tem interesse num dado tema.  Curiosamente, os temas estão sempre ligados a domínios da cidadania e desenvolvimento. Ou é um tema de saúde, um tema de direitos humanos ou de empreendedorismo. Tem de partir dos alunos o gosto pelo tema que vão trabalhar. Se nós conseguirmos uma turma empenhada e interessada num tema e que o tem como um desafio, o trabalho vai correr sempre melhor.  Após a escolha do tema, cada professor, que leciona dada disciplina, é convidado a analisar as aprendizagens essenciais da sua disciplina e a pensar “que contributo é que eu posso dar na minha disciplina para este trabalho?”. Esse contributo tem de se basear sempre em algo que se tenha obrigatoriamente de lecionar. A forma como se leciona é também um contributo para o trabalho. 

- Qual é que é o principal objetivo dos DAC? 

- O principal objetivo é a melhoria das competências dos alunos, sempre. Vocês podem orgulhar-se do facto de o objeto do trabalho serem vocês. E não é só melhorar o vosso aproveitamento, é mais do que isso. O que a escola quer é que vocês saiam daqui com competências que vos ajudem a fazer tudo aquilo que vos for proposto fora da escolaridade dita obrigatória, nomeadamente ao nível de serem empreendedores, de serem cidadãos. Tudo conflui para aí, para a cidadania. 

- E mesmo a propósito vem a pergunta: que capacidades é que se esperam que os alunos adquiram com este projeto? 

- Pois, eu penso que já respondi, Carolina. Não são tanto capacidades, é mais o desenvolvimento de competências. Vocês, no fundo, acabam por aprender a criar as vossas ferramentas e, com aquilo que vocês próprios criam, conseguem dar resposta a desafios fora daqui. Não falo só em desafios a nível académico, que claro que agora é o vosso objetivo. Eu e a escola esperamos que essas competências contribuam também para a vossa vida ativa e para a vossa vida enquanto cidadãos conscientes e, sobretudo, pessoas felizes. 

- E então agora pergunto: quais são os temas que os alunos tentam abordar mais nos DAC e em que mostram mais interesse? 

- Há muita diversidade, é um bocadinho como a biologia. Obviamente que, de acordo com o nível de ensino, surgem temas que são desenvolvidos de forma mais complexa ou menos complexa, mais lúdica ou menos lúdica. Podem não saber, mas os DAC são implementados desde o primeiro ciclo até ao décimo segundo ano, portanto, só por aqui já se nota que os temas são diversos. É impossível não o serem. Ao longo destes 4 anos em que eu tenho sido coordenadora, tivemos a pandemia pelo meio, o que impediu a concretização de muitos trabalhos. No entanto, no ano passado já estivemos um bocadinho livres, já foi fácil concretizar-se. Os temas desde o primeiro ano em que a escola se dispôs a implementar os DAC, curiosamente, incidem muito na saúde e educação ambiental. Depois temos muito, e quiçá exequo com a educação ambiental, o tema dos direitos humanos. E talvez não seja em vão que isto aconteça, uma vez que acaba por refletir a preocupação dos alunos, e também dos professores, em 3 áreas tão importantes. 

- Então a professora diria que são esses 3 os mais abordados? 

- São: saúde, educação ambiental e direitos humanos. Depois temos igualdade de género, também muito trabalhado. O bem-estar animal, curiosamente, vem crescendo. E, enquanto no primeiro ano não existiram muitas propostas de trabalho com este tema, agora há. Isso também mostra uma maior sensibilidade dos nossos alunos para esse trabalho. 

- E agora no secundário a escolha destes temas pode depender da área e da turma. 

- Exato, acabamos por ter, no secundário, temas muito ligados à área de estudos de cada um de vós. Embora no primeiro, segundo e terceiro ciclos tenhamos uma miscelânea de temas, no secundário nota-se bem que estes estão de acordo com a área de estudos da turma. 

- A professora sente que os alunos estão recetivos a este projeto ou céticos quanto à sua utilidade? 

- É um mix. É como em tudo, há grupos de alunos em que temos elementos sempre muito recetivos a mudança e a desafios. Há outros menos recetivos, e isto acontece na escola e durante a nossa vivência fora dela, em todo o lado. Por isso, há turmas que se empenham, que facilmente arranjam um tema, e há outras que não o conseguem. No entanto, é com alguma satisfação que digo que aquelas que não conseguem são uma parte residual.  Não nos esqueçamos, agora, que nós professores somos também elementos do processo.  Temos sempre a obrigatoriedade de cumprir a nossa lecionação, aquilo a que nos propusemos. Concluindo, obviamente que nem todas as turmas desenvolvem um trabalho de DAC profícuo no final do ano, a dar 100% dos frutos que o professor, os alunos e o concelho de turma gostariam. Isto acontece porque são precisos realmente muitos contributos. No entanto, o que eu tenho notado é que, de ano para ano, este aspeto tem sido melhorado, e o regime presencial tem contribuído muito. 

- Para terminar, acredita que o objetivo dos DAC está a ser cumprido? 

- Acredito. Agora, também acredito que não está ainda a ser cumprido como todos nós desejávamos, e “todos nós” inclui professores, alunos, encarregados de educação, comunidade. Os DAC ideais permitiriam extravasar a comunidade escolar, passando para a comunidade, havendo uma interligação, uma partilha com a sociedade. Essa parte ainda não foi conseguida da forma como desejamos. Por isso, temos que continuar a trabalhar. 

- E acho que é tudo. Muito obrigado pelo seu tempo, professora! 

- Espero ter-vos esclarecido e motivado, apesar de estarem no último ano. E obrigada por se lembrarem dos DAC. 

- Foi um prazer ouvi-la, obrigada. 

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